terça-feira, 23 de novembro de 2010 0 comentários

Psicografia

Tive, em mim, um susto declarado:
Vi minha alma e meu corpo ali,
Jogados numa caixa de sapatos
Que, em um passado, eu mesmo construí.

E ao meu lado existe o inexplicável
Perdido nas páginas de um conto amigo,
Feito um parágrafo que escapa do afago
Dos olhos rápidos, inteiros distraídos.

A tampa suja e meio carcomida
Fecha a esperança de me recompor.
Ao encontrar as bordas ainda vivas,
Levará consigo todo o meu rancor.

De nada importa tanta explicação
Como quem mostra o sangue ainda no corte.
Sei que nessa vida nada foi em vão
E que sem medo, agora, eu encaro a morte.
terça-feira, 9 de novembro de 2010 0 comentários

Laura

Pois que venha, então, você e o seu charme
Tirar a minha calma e me iludir esta noite.
Não quero que a tua presença se cale,
Quero que tua boca lasciva me açoite.

Traga, então, as tuas cinco ou seis palavras
Que eu quero saboreá-las, mesmo assim.
As conversas às vezes atrapalham
O que o corpo reclama por querer sentir.

E ela vem ainda com seu vestido rodado
Dançando canções que nem eu conheci.
Chega em rodopios quentes, calados,
Que me incendeiam do início ao fim.

Quero bebê-la em goles lentos e encorpados
Que é pra eu me embriagar por inteiro de ti.
Sentir o gosto de cada um dos teus pedaços
E mastigá-los enquanto ainda estão aqui.  
quarta-feira, 3 de novembro de 2010 1 comentários

A outra

Quando eu te encontrar,
Vou estar embrulhada em meu melhor vestido
E enfeitada com um lacinho de sorriso,
Que é para eu te presentear.
Quero me entregar sem pedir nada em troca.
Se preciso, me esconder atrás da porta
Quando o teu amor chegar.
Vou disfarçar meu sentimento
Num pouquinho de silêncio
Pra você me decifrar.
 
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