sábado, 10 de setembro de 2011 0 comentários

O fingidor

Bom, esse texto lindo aí não é meu. Foi a ilustríssima Rayane Feitosa quem fez pra mim. Fiquei com os olhos marejados quando o li. Não poderia deixá-lo fora do blog. Valeu, Rayane! Muito obrigado!

Elle tem o dom que ninguém mais tem
Sabe traduzir o Tum Tum do coração
Sabe falar o que só o silênciio diz
Elle vê a morena como nem Vinicius viu !
Entende o gingado, o balançado ...
O passar, o andar e o parar ...
Elle sabe como ninguém
Fingir .
sábado, 3 de setembro de 2011 2 comentários

Ágatha


Sei que nem tudo que é belo satisfaz.
Mas é que encanto dela é de um tamanho absurdo,
Que mesmo que eu quisesse muito,
Não poderia evitá-lo.

Pois aqueles braços em forma de arco
Têm uma aura que, de tão profunda,
Nos laça fácil em um simples agrado,
Como quem abraça, por completo, o mundo.

É ela que tem um sorriso com cheiro de mar
E uma pele encharcada de candura,
Que nem mesmo o sol e a lua
Foram capazes de imitar.

Ah, quem dera toda rosa
Ter o perfume que ela deixa.
Só assim, a primavera seria tão mais bela,
Que o mundo nunca mais veria tristeza
domingo, 3 de julho de 2011 0 comentários

Partitura

Sonho, um dia, em me tornar poeta,
Daqueles que vivem de um amor sem fim.
Acordar à noite com um lindo verso
Sobre a dama linda que habita em mim.

Sonho que minha poesia seja verdadeira,
Tão bela e feia, que traduza a vida.
Por entre os versos, quero guardar segredos
Que só os puros sentem quando a poesia finda.

E que tão clara seja a palavra
Que perpetue mesmo quando cala,
Reverberando no peito de cada leitor.

Ao mesmo tempo em que abre um espaço
Nas dores alheias feitas de retalhos,
Oriundas da vida que quero compor.
quinta-feira, 19 de maio de 2011 2 comentários

Nina

Ei, tu, morena linda do vestido rodado,
Esse teu gingado não cabe em poemas,
Pois quaisquer palavras que eu ousasse usar
Seriam insultos à tua beleza.

Ei, tu, morena doce que este céu não alcança,
Empresta o teu brilho ao resto do mundo.
Me canta, me ilude, me leva à tua dança,
Me banha de beijos que eu quero ser tudo.

Pois tu que és pura, feito alma de flor,
És linda o bastante que acalma a injúria.
Com tua candura, tu pintas de cor
O cinza da vida e a dor das lamúrias.
terça-feira, 3 de maio de 2011 1 comentários

Gabriela

Tinha pecado feito tatuagem
Escrito no corpo e moldado em retalhos;
Expresso na boca, no seio, na carne.
Haviam pecados em todos os lados.

Bem dentro do olho escondia o desejo
E a vida bandida que tinha pra dar.
Prazeres amargos, arrancou-os do peito,
Mas levou na mala seu jeito de amar.

Presenteava os outros com todos os beijos,
Lascivos de tanto querer,
Enquanto tinha na boca o gosto quente do vermelho,
Como quem, por toda a vida, comia prazer.
quinta-feira, 28 de abril de 2011 0 comentários

O abismo

No dia quando me faltaram as palavras,
O mundo inteiro deixou escapar sua cor.
Foi feita uma dissonância fétida de um rancor,
Feito uma forte luz que não se apaga.

Na época que minha poesia foi roubada,
Foi como ter me perdido em dor,
Procurando um rumo ou um esplendor
Que se perdiam em noites tão caladas.

Durante o tempo, o tempo só passava,
Arrancando a vida, enganando a alma,
Como uma triste canção de amor.

No mesmo instante que furtava o suporte
Que me segura à vida dentro de um pote
Onde a poesia se semeia em furta-cor.    
sábado, 26 de março de 2011 1 comentários

A conquista

O teu olhar a me devorar,
A me despir, me controlar.
Aí, assim, eu posso ver
Teu corpo em mim
E o meu, no fim,
A se entregar.
domingo, 13 de março de 2011 4 comentários

Acaso

Quando me vires passar por aí,
Por favor, chama-me para o teu redor.
Não me deixa sair, fugir,
Ou me esconder de mansinho atrás de uma voz.

Grita-me por um leve instante
Para que eu retorne dos sonhos reais.
Não precisas saber o meu nome, como antes,
Basta olhar-me com teus olhos de paz.

Quando eu chegar, vou me entregar aos poucos
Como quem cansa de não existir.
Em movimentos claros decorar teu corpo
E esperar que a tua boca se encontre em mim.

Perdoa, então, se eu sou repetitivo
E deixo me perder em teu esplendor,
Mas permita que por toda a minha vida eu diga
Que tu és e sempre foi o meu amor.
sábado, 12 de março de 2011 0 comentários

Parceria

Quem te encanta, passarinho, para que cantes o dia inteiro?
Quem plantou a calma no teu peito que te instiga e faz compor?
Se é ela, a tua dama, que inspira esse teu jeito,
Ensina-me a ser passarinho para que eu cante ao meu amor. 

Se te calas ao cair da noite com a desculpa da escuridão,
Não te culpas, pois na tua falta, eu canto a lua que vem a nascer.
Bem de manhã eu te devolvo as nuvens e o clarão,
Já que o meu amor, no horizonte, acabara de morrer.

Canta, canta, passarinho, para que eu também possa me encantar.
Canta a vida e o seu brilho, que as minhas dores eu sei cantar.
Volta para casa, passarinho, que a tua ausência só me mata.
Sem tu, quem vai cantar todo o carinho que eu guardei de quem me amava?
domingo, 27 de fevereiro de 2011 1 comentários

Tempestivo

Talvez chova hoje aqui dentro de mim.
Talvez chore aos montes, ergam-se pontes,
Iludam as dores que eu nunca senti.

Quem sabe, as minhas velhas fontes
Se encontrem nos rios de algum andarilho
Que trilha caminhos traçados de longe.

Um dia, ou noite, eu volto tranquilo
Trazendo na mala as nuvens dos sonhos
Das vidas dispersas, do mundo antigo.

Na volta pra casa, me perco e me encontro,
Me jogo, me iludo, e vivo bastante
O que a chuva de antes levou em seu brilho.
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Samba de bar

Desce uma cerveja bem gelada
Que hoje eu sofro do mal de amor.
Traz também aquela cachaça amarga,
Que hoje eu quero flagelar-me com essa dor.

Muda esse disco de canções alegres,
Por que a tristeza é mais poética.
Tudo o que eu canto agora não se mede,
Serve-me de espanto para as minhas dores céticas.

Traz também um violão que é pra eu musicar as minhas rimas
Que para sempre foram guardados no meu bolso.
Quero entregar a ela uma canção mínima
Que descreva toda a treva que emana do meu rosto.

Chama ela aqui, que ela tem que me ver sofrer.
A compaixão também tem que machucar.
Chama ela, que ela tem que me ver morrer
Da solidão que o beijo dela há de me condenar. 
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011 0 comentários

O velho coração

Quero mais é gastar meu coração.
Estar em muitos, sentir um tudo
Que só no mais desengonçado prumo
Seria possível compor uma canção.

Quero entregar o peito inteiro
Para que quem estiver sozinho possa deitar,
Trazendo um pouco de carinho a se deleitar
De um corpo único. De vários jeitos.

Quero entregar o coração aos pedaços
E nunca deixar que alguém fique de fora
Dessa partilha simples que outrora
Eu fiz às pressas, sem olhar pros lados.

Quero que, ao fim, ele esteja aos frangalhos,
Gasto como um sapato velho, em uso.
Que volte forte, fraco e muito mais justo
Do que fora antes de tornar-se alado.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011 1 comentários

Auto-explicação

Ser poeta é ser um ser meio absurdo,
É ver no peito as sensações do mundo
E, ao mesmo tempo, nunca poder tê-las;
E no enganar dos olhos, é sê-las.

Suas palavras o tornam intocável,
Inelegível, angustiado, indecifrável;
Ao mesmo tempo em que o simplifica
E torna fácil explicar as outras vidas.

Ao que promete é posto que se cumpra,
Nem que para sempre carregue consigo a culpa
De descrever, de novo, um adormecido sonho.

Pois some aos poucos na penumbra branca
A acender nos outros a sua chama
Que pulsa solta em seu desvario pronto.
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Inatingível

Eu quero ter o amor dos loucos,
Um amor injusto, igual aos outros.
Um amor que seja meu até o fim.

Eu quero em mim o amor dos mundos
E que me faça do normal, um absurdo,
Que não espere algo que venha de mim.

Quero que seja ele, então, tão puro,
Que reja a vida, que vá ao fundo,
Que nem eu mesmo possa entender.

Eu quero ter o amor dos pobres,
Que tem o outro como um suporte
A enfeitar seu coração.

E quando o meu amor se for,
Quero que leve de mim uma parte
E que deixe a sua a completar minha metade.

Pois no momento que este meu amor chegar,
Quero-o repleto. Quero que seja muito,
Que seja único, que seja vários; seja completo.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011 0 comentários

Soneto de inspiração

Um dia eu hei de encontrar um verso
Que te descreva e que me conte
Toda a grandeza e a candura da tua fronte
A furtar toda beleza que há por perto.

Quero ler-te, assim, em noites ausentes,
Nos meus lençóis de seda alva
Que guardam o cheiro da tua alma
Para suprir a falta da tua pele quente.

Gritá-lo-ei, por fim, aos cantos do mundo
Para encantar a todos e tocar no fundo
Do peito que soluça tão distante de mim.

Se mesmo assim, não for bastante forte,
Escrevê-lo-ei na pele, como um corte,
Para que eu te tenha comigo até o fim.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011 0 comentários

Auto-retrato

A frustração do poeta é ter, em linhas, todo o amor do mundo
E, ao mesmo tempo, guardar no peito um coração feito de chumbo
Que o impede, então, de tê-lo; mas bate lento a um compasso único
Das dores alheias que expressa do seu jeito.

De um pedaço de vida, assim, tão torto,
Faz a rima que lhe foge a sua alcunha;
Que denota um sentimento que tivera há pouco,
Na entrelinha que sempre esteve muda.

Mas o poeta só queria ser o seu leitor,
Que se deleita em suas palavras;
Faz das frases um abrigo, sua casa
E pode, enfim, compará-las à sua dor.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 3 comentários

Bilhete

Adeus, amor! Eu não retorno,
Pois não suporto só te olhar.
Meu mundo inteiro é como um corte
Que passa as noites a sangrar.

Adeus, amor! Levo-me junto
A este fogo que só me arde.
Se ao sair, não me encontrar,
Por favor, sinta saudades.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011 3 comentários

Recusa

Texto feito a quarto mãos. Valeu, Paulinha! Sou seu fã! haha

Um dia, quando tu voltar,
Eu hei de te encontrar
E te mostrar que o teu amor
Agora não me veste mais.

Quando bater em minha porta
Para tentar me agradar
E quiser pra mim voltar,
Terás em ti o teu amargo que plantaste em mim outrora.

Quero que saibas desde agora
Que eu me tornei igual às outras,
Que te ama e vai embora,
Sem a pressa do retorno.

É que eu sou do tipo tinhoso
Que te espera até cansar,
Mas na falta do teu corpo,
Te procura em outro par.

E nas madrugadas do meu sono,
Te enclausuras no teu mundo.
Vê se esqueces o meu número.
Com a tua dor eu não mais moro!

E se acaso for chorar na mesa de algum bar,
Por favor, não me recorde.
Tenhas a mim como uma morte
Que esmaga o teu peito.
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A falta

Bem que me disseram que esta tua ausência mata
E que quando não estavas, os meu olhos se calavam
Para enganar essa tua falta, ou a minha solidão.

Bem que o meu sonho se tornou a tua casa
Pra que na hora da saudade, quando as dores apertavam,
Eu pudesse ter a chave desta minha remissão.

E de longe ainda guardo escondidos em um frasco
O teu cheiro, o teu abraço, que nas noites só findavam
Nos meus versos que escrevia com as migalhas do teu pão.

E a volta da palavra, que levaste com teu corpo,
Me deixara em mim, assim, o teu gosto
Na minha boca que calava com teus lábios, de manhã. 
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011 1 comentários

Samba ligeiro

Morena, teu sorriso tem graça,
Encanta e disfarça teu jeito de olhar.
Morena do céu cacheado,
Me envolvo e me embalo
Em teu canto de amar.
Morena, que o céu não se iluda
Com a joia de nuvem
Que eu quero te dar.
Morena bonita,
Da cor bronzeada,
Me leva e me agrada,
Me joga no mar.
domingo, 16 de janeiro de 2011 1 comentários

Alice

Quem dera, eu tivesse apenas ela
Presa ao cheiro de gira-sóis leves,
Com sua pela cor de canela,
Quem dera! Quem dera!

E nos cabelos dourados, soltos,
Como a neve que cai de tão bela,
Eu me faria inteiro no corpo que é só dela.
Ah, Deus, quem dera! Quem dera!

No movimento harmônico
Que o corpo dela rege a natureza,
Incendeia o meu olhar no que suponho
E me tira toda a calma por inteira.

No espaçar dos seus passos largos de uma dança
Toma o que é seu por completo direito;
E ao condenar-me a querer o que às vezes não se alcança,
Se pudesse, ficaria a admirá-la o dia inteiro.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011 2 comentários

Epitáfio

Aqui, jaz um poeta torto,
Um poeta louco,
Um poeta cheio de ilusão.

Aqui, também jaz um homem pouco
Que outrora teve o corpo
Para nunca dizer não.

Aqui, descansa uma alma multicor,
Uma alma de silêncio e esplendor
Que nunca antes fora anunciado.

Aqui, jaz um poeta que falou do amor,
Que por toda sua existência foi amado,
Mas que nunca, nesta vida, o usou.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011 0 comentários

Revelação

Foste tu quem me furtou a calma,
Quem acendeu em mim a brasa,
E laçou toda minh’alma
Com teu perfume de maçã.

Foste tu, ó linda lua,
Que banhou-me de esplendor,
Que brotou em mim a cor
Dos meus sonhos de outrora.

Até de longe foste a rosa
Que guardara o meu gosto. 
Foste um sol em mim tão posto,
Que joguei meu brilho fora.

E não há palavra que descreva
Teu sorriso e tua fala,
Pois o som que ela guarda
É tão pouco em teu encanto.
 
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