quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 3 comentários

Bilhete

Adeus, amor! Eu não retorno,
Pois não suporto só te olhar.
Meu mundo inteiro é como um corte
Que passa as noites a sangrar.

Adeus, amor! Levo-me junto
A este fogo que só me arde.
Se ao sair, não me encontrar,
Por favor, sinta saudades.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011 3 comentários

Recusa

Texto feito a quarto mãos. Valeu, Paulinha! Sou seu fã! haha

Um dia, quando tu voltar,
Eu hei de te encontrar
E te mostrar que o teu amor
Agora não me veste mais.

Quando bater em minha porta
Para tentar me agradar
E quiser pra mim voltar,
Terás em ti o teu amargo que plantaste em mim outrora.

Quero que saibas desde agora
Que eu me tornei igual às outras,
Que te ama e vai embora,
Sem a pressa do retorno.

É que eu sou do tipo tinhoso
Que te espera até cansar,
Mas na falta do teu corpo,
Te procura em outro par.

E nas madrugadas do meu sono,
Te enclausuras no teu mundo.
Vê se esqueces o meu número.
Com a tua dor eu não mais moro!

E se acaso for chorar na mesa de algum bar,
Por favor, não me recorde.
Tenhas a mim como uma morte
Que esmaga o teu peito.
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A falta

Bem que me disseram que esta tua ausência mata
E que quando não estavas, os meu olhos se calavam
Para enganar essa tua falta, ou a minha solidão.

Bem que o meu sonho se tornou a tua casa
Pra que na hora da saudade, quando as dores apertavam,
Eu pudesse ter a chave desta minha remissão.

E de longe ainda guardo escondidos em um frasco
O teu cheiro, o teu abraço, que nas noites só findavam
Nos meus versos que escrevia com as migalhas do teu pão.

E a volta da palavra, que levaste com teu corpo,
Me deixara em mim, assim, o teu gosto
Na minha boca que calava com teus lábios, de manhã. 
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011 1 comentários

Samba ligeiro

Morena, teu sorriso tem graça,
Encanta e disfarça teu jeito de olhar.
Morena do céu cacheado,
Me envolvo e me embalo
Em teu canto de amar.
Morena, que o céu não se iluda
Com a joia de nuvem
Que eu quero te dar.
Morena bonita,
Da cor bronzeada,
Me leva e me agrada,
Me joga no mar.
domingo, 16 de janeiro de 2011 1 comentários

Alice

Quem dera, eu tivesse apenas ela
Presa ao cheiro de gira-sóis leves,
Com sua pela cor de canela,
Quem dera! Quem dera!

E nos cabelos dourados, soltos,
Como a neve que cai de tão bela,
Eu me faria inteiro no corpo que é só dela.
Ah, Deus, quem dera! Quem dera!

No movimento harmônico
Que o corpo dela rege a natureza,
Incendeia o meu olhar no que suponho
E me tira toda a calma por inteira.

No espaçar dos seus passos largos de uma dança
Toma o que é seu por completo direito;
E ao condenar-me a querer o que às vezes não se alcança,
Se pudesse, ficaria a admirá-la o dia inteiro.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011 2 comentários

Epitáfio

Aqui, jaz um poeta torto,
Um poeta louco,
Um poeta cheio de ilusão.

Aqui, também jaz um homem pouco
Que outrora teve o corpo
Para nunca dizer não.

Aqui, descansa uma alma multicor,
Uma alma de silêncio e esplendor
Que nunca antes fora anunciado.

Aqui, jaz um poeta que falou do amor,
Que por toda sua existência foi amado,
Mas que nunca, nesta vida, o usou.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011 0 comentários

Revelação

Foste tu quem me furtou a calma,
Quem acendeu em mim a brasa,
E laçou toda minh’alma
Com teu perfume de maçã.

Foste tu, ó linda lua,
Que banhou-me de esplendor,
Que brotou em mim a cor
Dos meus sonhos de outrora.

Até de longe foste a rosa
Que guardara o meu gosto. 
Foste um sol em mim tão posto,
Que joguei meu brilho fora.

E não há palavra que descreva
Teu sorriso e tua fala,
Pois o som que ela guarda
É tão pouco em teu encanto.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011 1 comentários

Essência

Se tu queres o meu amor verdadeiro,
O quanto eu quero o teu em meu engano,
Verias que o todo no meu pranto
É a cura que eu tenho para todo esse meu medo.

E a loucura de te ter por um instante
Completa a falta que me faz sentir,
Como quem sente a dor de se trair
O próprio corpo com alguma amante.

Se tu me visses ao menos como amante,
Terias em versos todo o meu querer,
Mantendo sempre o meu amor de antes
Que ainda guardo mesmo sem te ter.

Se esse meu amor ao menos me olhasse,
Veria clara toda a minha admiração
Que ainda guardo escondida em um frasco
Do melhor perfume que se extrai do coração.
domingo, 9 de janeiro de 2011 0 comentários

Automutilação

Sempre tive medo dessa profissão de poeta,
De ser fadado a escrever versos, sonetos,
Entregar-se em suas linhas por inteiro
E ter sempre a porta do seu coração aberta.

Ser poeta é saber dizer a coisa certa
De uma maneira torta e de um simples jeito,
Que mesmo se partindo meio a meio,
Não há alma de um ser que não se entrega.

Nem honorários são capazes de satisfazer as brechas
Que as rimas deixam quando o poema é feito,
Bem lapidado no que o poeta chama de peito,
Que guarda todos os sentimentos e razões que ele tivera.

E o leitor que não é feitos dessa treva
Se diverte por completo do seu jeito.
Tem sua dor transferida do sujeito
Que ousou escrevê-la em linha reta.
 
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